A história Coacy colibri narra a profunda ligação entre uma mãe e sua filha na tribo onde as almas dos falecidos se transformam em borboletas para alcançar Tupã. Quando Guanambí morre de tristeza e sua alma se transforma em uma flor, sua mãe, Coacy, implora a Tupã para ser transformada em um beija-flor, capaz de carregar a alma de sua filha até o descanso eterno. É uma comovente narrativa sobre amor, sacrifício e a eterna conexão entre o espírito e a natureza.
Index
Âmes et papillons
Nas profundezas de uma floresta antiga, onde os ventos sussurravam histórias de tempos esquecidos e as árvores abrigavam segredos ancestrais, havia uma tribo que vivia em harmonia com a natureza. Para eles, a vida e a morte eram partes de um ciclo sagrado, abençoado por Tupã, o grande deus que tudo via e tudo cuidava. Os mais velhos ensinavam que, quando uma pessoa deixava este mundo, sua alma se transformava em uma borboleta. Essas borboletas, frágeis e belas, buscavam o néctar das flores ao amanhecer, nutrindo-se para a jornada final até os braços acolhedores de Tupã.
A Tristeza de Guanambí
Entre os membros dessa tribo vivia Guanambí, uma jovem cuja beleza e doçura eram comparadas às flores mais raras da floresta. No entanto, um pesar sombrio tomou conta de seu coração, uma tristeza tão profunda que eclipsava até mesmo os raios do sol que tocavam a campina. Quando a hora de Guanambí finalmente chegou, a transformação que todos esperavam não aconteceu. Sua alma, ferida pela dor, não se converteu em borboleta. Ao invés disso, algo diferente e misterioso ocorreu. Guanambí se tornou uma flor solitária, uma flor cujas pétalas pareciam carregadas com o peso das lágrimas não derramadas.
L'amour infini de Coacy
Coacy, sua mãe, já havia cumprido seu destino terreno, transformando-se em uma borboleta que voava livremente pelas campinas e florestas. Quando o lamento de sua filha, agora uma flor, ecoou pelo vale, Coacy sentiu uma dor dilacerante em seu pequeno coração de borboleta. Sabendo que sua forma delicada não possuía a força necessária para carregar a alma de Guanambí até Tupã, Coacy desesperou-se. O amor de uma mãe, porém, é uma força que desafia as leis do universo, e Coacy não estava disposta a deixar sua filha sozinha em sua dor.
A Súplica e a Transformação
Em seu desespero, Coacy elevou seus pensamentos a Tupã, implorando por uma solução, por uma maneira de resgatar a alma de Guanambí do sofrimento. Tupã, ouvindo a súplica sincera e sentindo o poder desse amor, decidiu intervir. Com uma brisa suave, ele tocou Coacy, transformando-a em um beija-flor. Agora, com asas vibrantes e fortes, Coacy estava equipada para carregar sua filha e outras almas que necessitassem de auxílio.
O beija-flor, com suas asas que batiam tão rápido quanto o coração de uma mãe preocupada, passou a voar de flor em flor, levando conforto e esperança. Ao encontrar Guanambí, Coacy envolveu sua filha com delicadeza e amor, e juntas, elas partiram em direção ao reino de Tupã.
Le voyage des âmes
Desde então, quando uma criança parte deste mundo, sua alma se transforma em uma flor, aguardando o beija-flor — Coacy — para levá-la em sua última jornada. O beija-flor, com seu brilho e graça, aparece ao amanhecer, quando as sombras da noite ainda se dissipam. Ele não apenas carrega as almas, mas também traz consigo a promessa de um reencontro, uma promessa de que nenhum amor verdadeiro é perdido, mas sim transformado e renovado nas asas do pássaro celestial.
Conclusão: O Ciclo Eterno de Amor e Proteção
A história de Guanambí e Coacy transcendeu gerações, contada ao redor das fogueiras e nas noites estreladas. Ela se tornou um lembrete poderoso de que o amor, especialmente o amor de uma mãe, é uma força que pode atravessar qualquer barreira, mesmo aquelas entre a vida e a morte. As flores que florescem nas campinas são mais do que simples plantas; elas são as marcas vivas de almas amadas, aguardando o toque gentil do beija-flor, para que possam voar para o descanso eterno nos braços de Tupã.
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