As mitologias, com suas histórias de deuses, heróis e criaturas fantásticas, têm sido fundamentais para moldar as culturas ao longo da história da humanidade. Muito mais do que simples narrativas, elas refletem as crenças, valores e medos de diferentes povos, oferecendo explicações sobre a origem do universo, os fenômenos naturais e as relações humanas. No mundo moderno, as mitologias continuam a influenciar não apenas as tradições culturais e religiosas, mas também a ciência, a arte, a literatura, o cinema e até os videogames. Este artigo explora o impacto duradouro das mitologias no mundo contemporâneo, revelando como essas histórias antigas permanecem vivas e relevantes hoje.

O que é mito

O conceito de “mito” é explorado em diversas disciplinas, como filosofia, estudos culturais e literários. Desde cedo, ouvimos falar de mitos nas aulas de cultura artística, estudos sociais, história e literatura.

Um mito é um antigo relato popular que narra as aventuras de heróis lendários, deuses e a origem de fenômenos naturais. Traduzida do grego, a palavra “mito” (mythos) significa “lenda”, e seu uso remonta à antiguidade.

Em um sentido mais amplo, o mito, como parte integrante da mitologia, é uma forma especial de se relacionar com o mundo. Ele serve para generalizar e unificar as funções da religião, da arte e da ciência em suas formas mais primitivas. Nossos ancestrais distantes viviam sob o que se pode chamar de pensamento mitológico, no qual a história da humanidade era vista como uma sucessão de gerações de deuses, heróis e pessoas, onde elementos naturais animados desempenhavam papéis significativos no destino dos mortais.

Muitos povos criaram mitos para tentar compreender o funcionamento do universo, seu lugar dentro dele e como viver em harmonia com o mundo ao seu redor. Essas histórias os ajudavam a interpretar os eventos à sua volta, a encontrar o caminho no universo, a estabelecer uma ordem social e a definir seus valores. Para as sociedades antigas, o mito não era apenas uma ficção ou fantasia; ele era percebido como uma parte integrante da realidade cotidiana.

Além de explicar o desconhecido, os mitos também carregavam lições morais, estabelecendo normas de comportamento e transmitindo a sabedoria acumulada de geração em geração. Cada cultura desenvolveu sua própria mitologia, criando um rico mosaico de narrativas que refletem as crenças, medos e esperanças de diferentes povos.

Na mitologia grega, por exemplo, os deuses do Olimpo não só governavam o mundo, mas também exibiam características humanas, com virtudes e falhas. Já a mitologia nórdica está repleta de histórias de coragem e tragédia, refletindo o ambiente hostil em que seus povos viviam. A mitologia egípcia, por sua vez, gira em torno da vida após a morte e da ordem cósmica, temas centrais para uma civilização que construiu monumentos duradouros como as pirâmides.

Mesmo nos dias de hoje, os mitos continuam a influenciar nossa cultura, aparecendo em filmes, livros e até no cotidiano, quando usamos expressões como “caixa de Pandora” ou “trabalho de Hércules”. Eles são, portanto, muito mais do que simples histórias; são símbolos poderosos que continuam a moldar nossa compreensão do mundo e de nós mesmos.

O que é mitologia

A mitologia é um sistema completo de mitos, um conjunto de ideias antigas sobre o mundo e a vida. O pensamento mitológico é considerado a primeira forma de consciência humana, utilizada para explicar a ação de forças desconhecidas da natureza, identificar padrões entre eventos, saciar a curiosidade e proporcionar uma sensação de proteção. Esse tipo de pensamento é caracterizado por uma natureza fantástica, uma organização específica de tempo e espaço, e uma divisão do mundo em opostos, como luz e escuridão, vida e morte, caos e ordem.

Em muitas mitologias ao redor do mundo, encontramos enredos e imagens semelhantes. Cientistas e estudiosos acreditam que essa convergência pode ser explicada por vários fatores:

  • Ancestral comum: Muitos povos relacionados geneticamente podem ter herdado histórias e mitos de um ancestral comum.
  • Interação cultural: As histórias se difundiram de uma tradição para outra através do contato entre diferentes culturas.
  • Circunstâncias de vida: O ambiente natural, como clima e terreno, influenciou mitos semelhantes em regiões distintas.
  • Reassentamento de tribos: Quando tribos migravam para novos territórios, levavam consigo seus mitos, que se adaptavam ao novo contexto.

Alguns motivos comuns em várias mitologias incluem a criação do mundo a partir do corpo de um ser primordial, a origem da humanidade a partir do barro ou terra, o tamanho gigantesco de criaturas míticas, e a ideia de um eixo mundial que conecta o espaço dos deuses, dos humanos e da vida após a morte.

Os exemplos mais conhecidos de personagens míticos vêm das mitologias grega e romana, onde os deuses não apenas governavam aspectos da vida e da natureza, mas também exibiam habilidades sobrenaturais e personalidades complexas, repletas de virtudes e falhas. Esses deuses e heróis são representações arquetípicas que continuam a influenciar a cultura ocidental até hoje.

A mitologia não apenas refletia o entendimento humano sobre o mundo, mas também desempenhava um papel crucial na coesão social e na transmissão de valores culturais. Em muitos aspectos, ela foi a base para as religiões e tradições que moldaram civilizações inteiras.

Mitologias pelo mundo

Mitologia Hindu

A mitologia hindu é uma das mais antigas e ricas do mundo, com uma vasta e complexa coleção de deuses, demônios, heróis e épicos. No coração dessas crenças está o conceito de um ciclo infinito de criação, preservação e destruição do universo.

Criação do Universo:

De acordo com a mitologia hindu, o universo passa por ciclos eternos de criação, preservação e destruição. No início, tudo era um vasto e interminável oceano de caos. Brahma, o deus criador, emergiu de um lótus que nasceu do umbigo de Vishnu, que flutuava nas águas cósmicas. Brahma então criou o universo, incluindo os deuses, demônios, seres humanos e o mundo material. O universo é mantido por Vishnu, o preservador, e será destruído por Shiva, o deus da destruição, para que o ciclo possa recomeçar.

Os Três Deuses Principais:

  • Brahma: O deus criador, responsável por dar forma ao universo e a tudo que nele existe. Ele é muitas vezes retratado com quatro cabeças, representando os quatro Vedas, que são os textos sagrados mais antigos da Índia.
  • Vishnu: O preservador do universo, que assume diversas encarnações (ou avatares) para restaurar o dharma (a ordem cósmica). Entre seus avatares mais famosos estão Rama, o herói do épico Ramayana, e Krishna, uma das figuras centrais do Mahabharata.
  • Shiva: O deus da destruição e regeneração. Shiva é frequentemente representado como o mestre da dança cósmica, o Nataraja, que simboliza o ciclo de criação e destruição. Ele é adorado tanto como o destruidor de mundos quanto como o benévolo, que traz renovação e transformação.

Outras Divindades Importantes:

  • Lakshmi: A deusa da riqueza, prosperidade e beleza, e consorte de Vishnu. Ela é adorada por aqueles que buscam fortuna e sucesso.
  • Saraswati: A deusa do conhecimento, da música, da arte e da sabedoria. Ela é a consorte de Brahma e é frequentemente retratada tocando uma veena, um instrumento musical.
  • Durga: Uma deusa guerreira que combate o mal, frequentemente representada montando um leão ou tigre e segurando várias armas em seus muitos braços. Ela é uma forma da consorte de Shiva, Parvati.
  • Ganesha: O deus com cabeça de elefante, filho de Shiva e Parvati, é reverenciado como o removedor de obstáculos e o deus da sabedoria e dos inícios.

Os Épicos e as Escrituras:

A mitologia hindu é amplamente narrada em dois épicos fundamentais:

  • Ramayana: Conta a história do príncipe Rama, sua esposa Sita, e sua batalha contra o demônio Ravana.
  • Mahabharata: Um dos maiores épicos do mundo, que narra a guerra entre os Pandavas e os Kauravas, incluindo o famoso discurso de Krishna para Arjuna, conhecido como o Bhagavad Gita.

Mitologia Mesoamericana

A mitologia mesoamericana inclui as crenças e mitos das antigas civilizações que floresceram na região hoje conhecida como Mesoamérica, abrangendo partes do México, Guatemala, Belize, Honduras e El Salvador. Entre as civilizações mais proeminentes estavam os astecas, os maias e os olmecas. Essas culturas compartilhavam temas e figuras mitológicas, embora cada uma tivesse suas próprias interpretações e deuses específicos.

Criação do Mundo:

Na mitologia mesoamericana, a criação do mundo é muitas vezes vista como um processo cíclico, com o universo sendo criado e destruído repetidamente. No mito asteca, por exemplo, o universo passou por várias eras chamadas de Sóis, cada uma terminando em uma catástrofe. A atual era é conhecida como o Quinto Sol.

Segundo a mitologia asteca, os deuses se reuniram em Teotihuacan para decidir quem seria o próximo Sol. Dois deuses, Tecciztecatl e Nanahuatzin, se ofereceram para o sacrifício. Nanahuatzin, sendo humilde, foi aceito e se jogou no fogo, tornando-se o Sol. Tecciztecatl, cheio de orgulho, hesitou, mas acabou se jogando também, tornando-se a lua. Para que o Sol se movesse e iluminasse o mundo, os deuses sacrificaram suas vidas, estabelecendo a prática do sacrifício humano como central na religião asteca.

Deuses Importantes:

  • Quetzalcoatl: O deus serpente emplumada, uma das divindades mais reverenciadas em toda a Mesoamérica. Ele era o deus do vento, da sabedoria e da vida, e também era considerado o criador da humanidade. Segundo os mitos, Quetzalcoatl criou os humanos a partir do osso de antigos gigantes misturados com seu próprio sangue.
  • Huitzilopochtli: O deus da guerra e do sol, que era o patrono da cidade asteca de Tenochtitlan. Ele foi um dos principais deuses do panteão asteca e era frequentemente associado ao sacrifício humano. Huitzilopochtli guiou os astecas à sua terra prometida, onde fundaram Tenochtitlan.
  • Tezcatlipoca: O deus da noite, do destino e da guerra. Ele era um dos deuses mais poderosos e frequentemente estava em conflito com Quetzalcoatl. Tezcatlipoca era associado à morte, à destruição e ao caos, mas também à regeneração e ao renascimento.
  • Tlaloc: O deus da chuva e da fertilidade, responsável pelas tempestades e pelo fornecimento de água, essencial para as colheitas. Ele era temido e venerado, pois tanto poderia trazer chuvas benéficas quanto tempestades destruidoras.
  • Chac: Na mitologia maia, Chac é o deus da chuva e da tempestade, semelhante a Tlaloc entre os astecas. Ele era adorado como o fornecedor de água para as colheitas, e seu símbolo, o relâmpago, era visto como um meio de fertilizar a terra.

O Popol Vuh:

Entre os maias, o Popol Vuh é um texto sagrado que narra a criação do mundo, a origem da humanidade e as aventuras dos heróis gêmeos Hunahpú e Ixbalanqué. Segundo o Popol Vuh, os deuses criaram os humanos várias vezes, primeiro de barro, depois de madeira, até que finalmente os fizeram de milho, que é considerado sagrado na cultura maia. Os heróis gêmeos também desempenham um papel crucial na mitologia maia, derrotando os senhores do submundo e estabelecendo a ordem no mundo.

O Submundo:

Na mitologia mesoamericana, o submundo é um tema recorrente. Para os maias, ele era conhecido como Xibalba, um lugar governado por deuses do submundo que impunham desafios e provas aos mortos. Na cultura asteca, o submundo era chamado de Mictlan, governado por Mictlantecuhtli, o deus da morte. O submundo era um lugar de difícil travessia, onde os mortos precisavam superar vários obstáculos para alcançar o descanso final.

Mitologia Africana

A mitologia africana é vasta e diversa, refletindo a rica tapeçaria cultural do continente, com centenas de etnias e grupos tribais, cada um com suas próprias histórias e divindades. As mitologias africanas muitas vezes explicam a origem do mundo, os fenômenos naturais e as relações entre os seres humanos, os deuses e os espíritos. Algumas das mitologias mais influentes incluem as tradições do povo Yoruba e dos povos Bantos, além de outras culturas da África Ocidental e Central.

Criação do Mundo:

Em muitas tradições africanas, a criação do mundo é atribuída a uma divindade suprema. Entre os Yoruba, por exemplo, o deus criador é Olodumare, também conhecido como Olorun. Ele é a fonte de toda a vida e o deus supremo do panteão Yoruba. Olorun delegou a criação da Terra ao deus Obatalá, que moldou os primeiros seres humanos a partir do barro. Em algumas versões, Obatalá é assistido por Orunmila, o deus da sabedoria e da adivinhação, para garantir que a criação fosse bem-sucedida.

Na mitologia dos povos Bantos, o deus criador Nzambi Mpungu também desempenha um papel central. Ele é visto como o criador do universo e das leis naturais que regem a vida. Em várias narrativas, Nzambi Mpungu cria o mundo e depois se retira para os céus, deixando os humanos com os espíritos ancestrais para guiar suas vidas.

Deuses e Espíritos Importantes:

  • Olodumare/Olorun: O deus supremo na mitologia Yoruba, que é considerado onisciente, onipresente e onipotente. Ele não é adorado diretamente pelos humanos, mas através dos Orishas, que são manifestações menores de seu poder.
  • Obatalá: O deus da pureza e criador da humanidade na tradição Yoruba. Ele é reverenciado como o deus da paz, da justiça e da compaixão, e é frequentemente associado ao branco e ao alto escalão da espiritualidade.
  • Orunmila: O deus da sabedoria, do conhecimento e da adivinhação. Ele é o principal conselheiro de Olorun e é conhecido por seu papel no sistema de adivinhação Ifá, que é central na prática religiosa Yoruba.
  • Shango: O deus do trovão, da guerra e da justiça. Shango é uma das divindades mais populares entre os Yoruba e é associado ao poder e à virilidade. Ele é frequentemente invocado em questões de justiça e para proteção contra inimigos.
  • Oshun: A deusa do amor, da fertilidade e dos rios. Ela é uma das Orishas mais importantes e é reverenciada como uma divindade compassiva e generosa, que protege as mulheres e promove a harmonia nas relações.
  • Nzambi Mpungu: Na mitologia dos povos Bantos, é o deus supremo e criador, responsável pela criação do mundo e de todos os seres vivos. Ele é uma figura distante que, após a criação, deixa a humanidade para seguir seu próprio caminho, mas continua a ser respeitado como o governante supremo do universo.

Ancestrais e Espíritos:

Na mitologia africana, os espíritos ancestrais desempenham um papel central. Os ancestrais são frequentemente vistos como intermediários entre os deuses e os vivos, protegendo suas famílias e comunidades. Eles são honrados através de rituais e oferendas, e acredita-se que tenham influência sobre a saúde, a prosperidade e o bem-estar dos vivos.

Os espíritos da natureza também são fundamentais nas tradições africanas. Muitas culturas africanas acreditam que árvores, rios, montanhas e outros elementos naturais são habitados por espíritos que devem ser respeitados e aplacados para garantir a harmonia com o meio ambiente.

Mitos e Narrativas:

  • Anansi: Um dos personagens mais famosos da mitologia africana, especialmente nas culturas de Gana e da Costa do Marfim. Anansi é um trickster (trapaceiro) que frequentemente desafia os deuses e engana outros seres para conseguir o que deseja. Ele é uma figura ambígua, tanto herói quanto vilão, e suas histórias ensinam lições sobre inteligência, astúcia e moralidade.
  • Mawu-Lisa: Na mitologia dos povos Fon de Benin, Mawu e Lisa são deuses gêmeos, que juntos representam a dualidade do universo. Mawu é a deusa da lua e da noite, enquanto Lisa é o deus do sol e do dia. Juntos, eles governam o universo e mantêm o equilíbrio entre as forças opostas.

Mitologia Celta

A mitologia celta é originária das culturas irlandesa, galesa, escocesa e bretã, e é rica em figuras heroicas, deuses, e criaturas mágicas. Essa mitologia é conhecida por sua forte conexão com a natureza, o ciclo das estações, e os conceitos de honra e coragem. A maior parte das histórias celtas foi transmitida oralmente por druidas, e muito do que se sabe hoje vem de manuscritos medievais que registraram essas tradições.

Criação do Mundo:

A mitologia celta não possui um mito de criação universalmente reconhecido, como em outras culturas. Em vez disso, as histórias celtas se concentram em ciclos de invasões e a chegada de diferentes grupos de deuses e seres sobrenaturais à Irlanda. O mais famoso desses ciclos é o Ciclo Mitológico, que inclui a chegada dos Tuatha Dé Danann, um grupo de deuses e seres mágicos que governaram a Irlanda antes da chegada dos humanos.

Deuses e Seres Importantes:

  • Dagda: Conhecido como o “Bom Deus”, Dagda é uma das divindades mais importantes da mitologia celta. Ele é um deus da fertilidade, do clima e da magia, e é frequentemente descrito como um gigante de grande força e apetite, carregando um enorme clube que pode matar com um golpe ou devolver a vida com o toque.
  • Brigid: Deusa da cura, da poesia e da forja, Brigid é uma das divindades mais veneradas na tradição celta. Ela é associada ao fogo e à luz, e seu festival, Imbolc, marca o início da primavera. Brigid é uma figura central tanto na mitologia celta quanto no cristianismo irlandês, onde foi sincretizada como Santa Brígida.
  • Lugh: O deus da habilidade, da guerra e das artes, Lugh é uma divindade polivalente que é frequentemente retratado como um jovem guerreiro habilidoso. Ele é associado ao festival de Lughnasadh, que celebra a colheita. Lugh é conhecido por seu papel no Ciclo de Ulster, onde liderou os Tuatha Dé Danann contra os Fomorianos, um antigo inimigo.
  • Morrigan: Deusa da guerra e do destino, Morrigan é uma figura sombria associada à morte e à destruição. Ela é frequentemente descrita como uma tríade de deusas (Badb, Macha e Nemain) e é conhecida por aparecer em forma de corvo sobre os campos de batalha, profetizando a morte de guerreiros.
  • Cernunnos: O deus dos animais, da abundância e da fertilidade, Cernunnos é frequentemente representado com chifres de cervo e rodeado por criaturas selvagens. Ele é uma divindade associada à natureza selvagem e à vida rural, simbolizando o ciclo eterno de vida, morte e renascimento.

Heróis e Lendas:

  • Cú Chulainn: Um dos heróis mais famosos da mitologia celta, Cú Chulainn é o protagonista do Ciclo de Ulster. Ele é um guerreiro extraordinário que, ainda jovem, defendeu o reino de Ulster contra o exército da rainha Medb na famosa Táin Bó Cúailnge (O Rapto dos Bois de Cooley). Conhecido por sua fúria de batalha (ríastrad), ele se transforma em uma figura quase sobrenatural durante a luta.
  • Fionn mac Cumhaill: Líder dos Fianna, um grupo de guerreiros caçadores, Fionn é o herói central do Ciclo Feniano. Ele é conhecido por sua sabedoria e coragem, bem como por aventuras que incluem a busca pelo Salmão da Sabedoria, um peixe mítico que concede conhecimento absoluto a quem o consumir.
  • Os Sidhe (ou Sí): Na mitologia celta, os Sidhe são uma raça de seres sobrenaturais que vivem em montes ou colinas. Eles são frequentemente associados aos Tuatha Dé Danann e são vistos como os habitantes do Outro Mundo, um reino místico separado do mundo dos mortais. Os Sidhe são seres poderosos, capazes de grandes feitos de magia, mas também podem ser perigosos se desrespeitados.

O Outro Mundo:

O Outro Mundo é um conceito central na mitologia celta. É um reino mágico onde os deuses e espíritos habitam, e onde o tempo passa de forma diferente. Os mortais podem acessar o Outro Mundo através de portais naturais, como colinas, lagos e cavernas, especialmente em momentos liminares do ano, como o Samhain (outono) e Beltane (primavera).

Festivais e Rituais:

Os celtas celebravam muitos festivais ligados aos ciclos sazonais, incluindo:

  • Samhain: Marcando o fim da colheita e o início do inverno, Samhain é um dos festivais mais importantes, associado ao contato com os mortos e à abertura do portal para o Outro Mundo.
  • Beltane: Celebra a chegada do verão e é um festival de fertilidade, com fogueiras e rituais que visam proteger as colheitas e o gado.

Mitologia Polinésia

A mitologia polinésia abrange as crenças e tradições dos povos que habitam as ilhas do Pacífico, incluindo Havaí, Taiti, Samoa, Tonga, e a Nova Zelândia (Maori). Essa mitologia é rica em histórias sobre a criação do mundo, heróis culturais e deuses que governam os elementos naturais. A espiritualidade polinésia é profundamente conectada ao oceano, ao céu e às ilhas, refletindo o ambiente insular em que essas culturas se desenvolveram.

Criação do Mundo:

Na mitologia polinésia, a criação do mundo é geralmente descrita como um processo que começou a partir de um vazio ou escuridão primordial, conhecido como Te Kore (o nada) ou Po (a escuridão), dependendo da tradição específica.

Um dos mitos de criação mais conhecidos é o do deus Tāne (ou Tāne Mahuta, na tradição maori), que separou seus pais, Rangi (o céu) e Papa (a terra), que estavam unidos em um abraço apertado, aprisionando o mundo na escuridão. Ao separar Rangi e Papa, Tāne trouxe a luz ao mundo, criando o espaço entre o céu e a terra, onde os humanos poderiam viver. De suas lágrimas de tristeza pela separação, nasceram os rios e mares.

Deuses Importantes:

  • Tāne: O deus da floresta e das aves, e um dos principais deuses da mitologia polinésia, especialmente entre os maoris da Nova Zelândia. Ele é o criador da humanidade e responsável por todos os seres vivos que habitam a terra. Tāne é visto como uma força vital que conecta o céu e a terra.
  • Tangaroa: O deus do mar e um dos deuses supremos da mitologia polinésia. Tangaroa é adorado em muitas ilhas do Pacífico como o progenitor de toda a vida marinha, sendo associado ao oceano, à pesca e aos navegadores. Ele é visto como uma divindade poderosa que precisa ser respeitada para garantir a segurança em viagens pelo mar.
  • Māui: Um dos heróis culturais mais famosos da mitologia polinésia, presente em diversas tradições das ilhas do Pacífico. Māui é conhecido como um trickster (trapaceiro) e é creditado com muitas façanhas, como pescar as ilhas do Havaí com um anzol mágico, retardar o movimento do sol para prolongar o dia, e trazer o fogo à humanidade. Suas aventuras mostram tanto seu caráter travesso quanto sua importância como benfeitor da humanidade.
  • Rongo: O deus da agricultura, paz e fertilidade, especialmente associado à cultura do inhame e à colheita. Rongo é uma divindade importante para as comunidades agrárias polinésias, garantindo a abundância e o sustento.
  • Pele: A deusa dos vulcões e do fogo, reverenciada especialmente no Havaí. Pele é uma divindade poderosa, conhecida tanto por sua criatividade quanto por sua destrutividade. Ela reside no vulcão Kīlauea, e é responsável pela criação das ilhas havaianas através de suas erupções. Os havaianos fazem oferendas a Pele para apaziguá-la e proteger suas terras da fúria vulcânica.
  • Hina: Uma deusa importante na mitologia polinésia, frequentemente associada à lua, ao tecelagem e à fertilidade. Hina aparece em muitas histórias diferentes, incluindo a famosa lenda de Hina e o demônio a quem ela derrotou usando suas habilidades de tecelagem.

Heróis e Lendas:

  • Hina e Māui: Em algumas versões da mitologia, Hina é a irmã ou esposa de Māui, e juntos eles desempenham papéis fundamentais em muitas histórias. Hina é frequentemente retratada como uma figura sábia e mágica, complementando o caráter travesso de Māui.
  • Rangi e Papa: A história de Rangi (o céu) e Papa (a terra) é uma das mais importantes na mitologia maori, representando o amor e a separação que deram origem ao mundo. Seus muitos filhos, que são deuses de vários aspectos da natureza, tentaram separar os pais para criar espaço e luz, com Tāne sendo bem-sucedido nessa tarefa.
  • Aumakua: Os aumakua são espíritos ancestrais que atuam como guardiões familiares em muitas tradições polinésias, especialmente no Havaí. Eles podem tomar a forma de animais como tubarões, corujas ou lagartixas, e são reverenciados como protetores que guiam e assistem suas famílias vivas.

O Mundo Espiritual:

A mitologia polinésia também é rica em histórias sobre o Outro Mundo, ou o reino dos espíritos, onde as almas dos mortos residem. Este mundo espiritual é muitas vezes acessível por meio de cavernas, montanhas ou o oceano, e é considerado tanto um lugar de descanso quanto de continuidade da vida após a morte.

Mitologia Inuit

A mitologia Inuit reflete as crenças e tradições espirituais dos povos Inuit, que habitam as regiões árticas do Canadá, Alasca, Groenlândia e partes da Sibéria. Esta mitologia é profundamente enraizada na relação dos Inuit com o ambiente hostil do Ártico, onde o respeito pela natureza e os espíritos que a habitam é central para a sobrevivência. As histórias e lendas Inuit são transmitidas oralmente e enfatizam a harmonia com o mundo natural e as forças espirituais.

Criação do Mundo:

A mitologia Inuit não possui um mito de criação universal, mas muitas histórias explicam a origem dos elementos naturais e as relações entre os humanos, os animais e os espíritos. Um tema comum é a transformação de humanos em animais e vice-versa, refletindo a crença na interconectividade de todas as formas de vida.

Um dos mitos de criação mais conhecidos envolve Sedna, a deusa do mar e dos animais marinhos. Segundo a lenda, Sedna era uma jovem mulher que foi jogada no oceano por seu pai após um conflito. Ao cair nas águas geladas, Sedna se transformou em uma deusa poderosa. Suas dedos cortados se transformaram em focas, baleias e outros animais marinhos. Sedna passou a governar o fundo do mar, e os caçadores Inuit precisavam apaziguá-la para garantir sucesso na caça.

Deuses e Espíritos Importantes:

  • Sedna: A deusa do mar, mãe de todos os seres marinhos e uma das divindades mais importantes da mitologia Inuit. Sedna controla a abundância dos animais marinhos, e os xamãs Inuit frequentemente aplacam seu espírito para assegurar boas caçadas e para evitar desastres no mar.
  • Anguta: Na mitologia Inuit, Anguta é o pai de Sedna e é associado ao submundo. Ele é o responsável por guiar as almas dos mortos para o reino dos espíritos, onde elas encontram paz. Anguta é uma figura ambígua, tanto temida quanto respeitada pelos Inuit.
  • Nanook: O deus dos ursos polares, que é considerado o protetor desses animais majestosos. Os Inuit acreditavam que Nanook governava sobre todos os ursos polares e decidia se os caçadores Inuit teriam sucesso ou não em suas caçadas. Era essencial tratar o urso polar com grande respeito para assegurar que Nanook continuasse a abençoar a comunidade com caça.
  • Tornarssuk: Um espírito poderoso associado ao clima, especialmente às tempestades e ao vento. Tornarssuk pode ser benevolente ou malevolente, dependendo do comportamento dos humanos. Ele é frequentemente invocado pelos xamãs para acalmar tempestades ou trazer bom tempo.
  • Sila: O espírito do ar e do clima, Sila é uma força invisível que controla o vento, o clima e as condições atmosféricas. Sila também representa o conceito de alma ou espírito em muitos contextos Inuit, sendo uma presença onipresente que influencia todos os aspectos da vida.

Heróis e Lendas:

  • Kiviuq: Um dos heróis lendários mais famosos da mitologia Inuit, Kiviuq é um aventureiro que viaja por longas distâncias, enfrentando desafios sobrenaturais, monstros e espíritos. Suas histórias variam de região para região, mas ele é sempre retratado como um sobrevivente engenhoso que usa astúcia e coragem para superar obstáculos.
  • Qallupilluk: Seres misteriosos que habitam as águas geladas do Ártico, Qallupilluk são descritos como criaturas que capturam crianças desobedientes que se aproximam demais do gelo. Esta lenda serve como uma história de advertência, ensinando às crianças Inuit a respeitar a natureza perigosa do Ártico.

O Mundo Espiritual:

A mitologia Inuit está profundamente conectada ao mundo espiritual, onde os espíritos dos antepassados e da natureza desempenham papéis centrais. Os xamãs, conhecidos como angakoks, são os intermediários entre os humanos e o mundo espiritual. Eles realizam rituais e viagens espirituais para curar doenças, prever o futuro e apaziguar espíritos como Sedna, garantindo a sobrevivência da comunidade.

O mundo espiritual Inuit é visto como um reflexo do mundo físico, onde cada elemento da natureza, como animais, montanhas e rios, possui um espírito. Esses espíritos precisam ser respeitados e tratados com reverência para manter a harmonia entre os humanos e o ambiente natural.

Mitologia Grega

A mitologia grega é uma das mais influentes e amplamente estudadas do mundo ocidental. Ela abrange uma vasta coleção de histórias sobre deuses, heróis e criaturas míticas, que eram centrais para a cultura e a religião da Grécia Antiga. Essas histórias foram transmitidas oralmente e, mais tarde, registradas em textos literários que continuam a influenciar a arte, a literatura e a filosofia até os dias de hoje.

Criação do Mundo:

Segundo a mitologia grega, no início existia apenas o Caos, uma mistura primordial sem forma. A partir do Caos, surgiram Gaia (a Terra), Eros (o Amor), Tártaro (o Abismo) e Érebo (a Escuridão). Gaia, sem a ajuda de nenhum parceiro, deu origem a Urano (o Céu), que se tornou seu consorte. Juntos, Gaia e Urano geraram os Titãs, uma poderosa raça de deuses.

Urano, temendo o poder de seus filhos, aprisionou-os no Tártaro, o que levou Gaia a conspirar contra ele. Seu filho mais jovem, Cronos, liderou a revolta, castrando Urano e assumindo seu lugar como governante do universo. Do sangue de Urano, caído na terra, surgiram as Erínias (Fúrias), os Gigantes e as Melíades (ninfas das árvores).

Deuses e Divindades Importantes:

  • Zeus: O mais jovem dos filhos de Cronos, Zeus escapou do destino de ser devorado pelo pai e, eventualmente, liderou a revolta dos deuses contra os Titãs na Titanomaquia. Após a vitória, Zeus tornou-se o rei dos deuses e governante do Monte Olimpo. Ele é o deus do céu e do trovão e é associado à justiça e à ordem.
  • Hera: Esposa de Zeus e rainha dos deuses, Hera é a deusa do casamento e da fertilidade. Ela é conhecida por seu temperamento ciumento e por proteger a santidade do casamento, punindo os amantes e os filhos ilegítimos de Zeus.
  • Poseidon: Irmão de Zeus, Poseidon é o deus do mar, dos terremotos e dos cavalos. Ele é uma divindade poderosa e temperamental, que governa todas as águas do mundo.
  • Hades: Outro irmão de Zeus, Hades é o deus do submundo e dos mortos. Ele governa o reino dos mortos, conhecido como Hades ou Erebus, e é associado à riqueza subterrânea, como metais preciosos e pedras.
  • Atena: Filha de Zeus, Atena é a deusa da sabedoria, da guerra estratégica e da justiça. Nascida completamente formada e armada da cabeça de Zeus, Atena é uma das divindades mais reverenciadas e protetoras das cidades, especialmente de Atenas.
  • Afrodite: A deusa do amor, da beleza e do desejo, Afrodite nasceu do mar quando os restos de Urano caíram na água. Ela é uma das figuras mais encantadoras da mitologia grega e é frequentemente envolvida em histórias de amor e intrigas.
  • Apolo: Filho de Zeus e Leto, Apolo é o deus do sol, da música, da poesia, da profecia e da cura. Ele é irmão gêmeo de Ártemis e é associado à luz e à verdade.
  • Ártemis: Irmã gêmea de Apolo, Ártemis é a deusa da caça, da natureza selvagem e da castidade. Ela é protetora dos jovens e dos animais, e é reverenciada como a deusa da lua.
  • Hefesto: O deus do fogo, da forja e da metalurgia, Hefesto é o artesão dos deuses, criando suas armas e armaduras. Ele é filho de Hera (às vezes com, às vezes sem Zeus) e é conhecido por sua habilidade, apesar de ser manco.
  • Ares: O deus da guerra e da violência, Ares é filho de Zeus e Hera. Ele é uma figura controversa, reverenciada por sua força, mas também temida por sua natureza destrutiva e belicosa.

Heróis e Lendas:

  • Hércules (Heracles): Um dos heróis mais famosos da mitologia grega, Hércules é conhecido por sua força extraordinária e pelas doze tarefas que realizou como penitência, conhecidas como os Doze Trabalhos de Hércules. Ele é filho de Zeus e da mortal Alcmena.
  • Teseu: Herói e rei de Atenas, Teseu é famoso por matar o Minotauro no labirinto de Creta. Ele é um símbolo de coragem e astúcia, frequentemente associado à unificação de Atenas.
  • Perseu: Outro grande herói, Perseu é conhecido por matar a Medusa, a górgona que transformava em pedra aqueles que olhavam diretamente para ela. Com a ajuda dos deuses, Perseu completou essa façanha e salvou Andrômeda, que se tornou sua esposa.
  • Aquiles: O principal herói da Ilíada, de Homero, Aquiles é um guerreiro quase invulnerável, exceto por seu calcanhar. Ele é um dos personagens centrais da Guerra de Troia e é conhecido por sua bravura e trágica mortalidade.

O Mundo dos Mortos:

Na mitologia grega, o submundo é governado por Hades e é o destino das almas após a morte. O submundo é dividido em várias regiões, incluindo os Campos Elísios (para os justos e heróis), o Tártaro (para os condenados), e o Asfódelos (para a maioria das almas comuns). A entrada para o submundo é guardada por Cérbero, o cão de três cabeças.

Oráculos e Profecias:

Os gregos davam grande importância às profecias e aos oráculos, sendo o mais famoso o Oráculo de Delfos, dedicado a Apolo. Os oráculos eram consultados para guiar decisões importantes, e suas profecias, muitas vezes enigmáticas, desempenhavam papéis cruciais nas lendas e mitos.

Mitologia Nórdica

A mitologia nórdica, originária dos povos germânicos e escandinavos, é uma das mais ricas e complexas do mundo antigo. Ela está repleta de deuses poderosos, heróis corajosos e criaturas fantásticas, todos vivendo em um universo cíclico de criação e destruição. As histórias nórdicas foram transmitidas oralmente por séculos antes de serem registradas em textos como as Eddas, no período medieval.

Criação do Mundo:

Na mitologia nórdica, o universo começou a partir do Ginnungagap, um vasto vazio. De um lado do Ginnungagap havia Niflheim, a terra do gelo, e do outro lado, Muspelheim, a terra do fogo. Quando as faíscas de Muspelheim encontraram o gelo de Niflheim, o primeiro ser vivo, o gigante de gelo Ymir, foi criado. Do gelo também surgiu Audumla, a vaca cósmica, que alimentou Ymir com seu leite.

Enquanto Ymir dormia, de seus pés nasceu outro gigante, Trudgelmir, e outros gigantes do gelo. Enquanto isso, Audumla lambia o gelo salgado e libertou Buri, o primeiro dos deuses. Buri gerou Bor, que teve três filhos: Odin, Vili e Ve. Esses irmãos mataram Ymir e usaram seu corpo para criar o mundo. O sangue de Ymir formou os mares, sua carne se tornou a terra, seus ossos as montanhas, e seu crânio o céu.

Deuses e Divindades Importantes:

  • Odin: O deus supremo do panteão nórdico, Odin é o deus da sabedoria, da guerra e da morte. Ele é conhecido por sacrificar um de seus olhos em troca de conhecimento, e por pendurar-se na árvore Yggdrasil para obter as runas, símbolos místicos de poder. Odin é frequentemente associado aos corvos Huginn e Muninn (Pensamento e Memória), que voam pelo mundo e trazem informações para ele.
  • Thor: Filho de Odin, Thor é o deus do trovão, do relâmpago e da força. Ele é o protetor dos deuses e da humanidade contra os gigantes. Thor empunha o poderoso martelo Mjölnir, que é capaz de esmagar qualquer coisa e sempre retorna à sua mão. Ele é um dos deuses mais populares e reverenciados da mitologia nórdica.
  • Loki: O deus do fogo e da trapaça, Loki é uma figura complexa e ambígua. Ele é tanto um ajudante quanto um causador de problemas para os deuses. Embora seja frequentemente responsável por trazer o caos, suas ações muitas vezes resultam em benefícios inesperados para os deuses. Loki é pai de várias criaturas monstruosas, incluindo o lobo Fenrir, a serpente Jormungandr, e Hel, a deusa do submundo.
  • Freyja: A deusa do amor, da beleza, da fertilidade e da guerra. Freyja é uma das principais divindades femininas e é associada à magia seidr, uma forma de adivinhação. Ela monta um carro puxado por gatos e governa o campo de batalha Fólkvangr, onde metade dos guerreiros mortos em batalha vão, com a outra metade indo para Valhalla.
  • Heimdall: O guardião da ponte Bifrost, que conecta o mundo dos deuses, Asgard, ao mundo dos humanos, Midgard. Heimdall tem sentidos extraordinários, sendo capaz de ouvir a grama crescer e ver a grandes distâncias. Ele é o deus que anuncia o início do Ragnarök, o fim do mundo, soprando seu chifre Gjallarhorn.
  • Balder: O deus da luz, da pureza e da beleza. Balder é amado por todos os deuses, mas seu destino é trágico. Ele é morto por uma flecha de visco, manipulada por Loki, desencadeando uma série de eventos que levam ao Ragnarök.

O Ragnarök:

O Ragnarök é o apocalipse nórdico, um evento profetizado em que os deuses, gigantes e monstros travarão uma batalha final que resultará na destruição de quase todos os seres vivos. Durante o Ragnarök, muitos dos principais deuses, incluindo Odin, Thor e Loki, encontrarão suas mortes. O mundo será consumido pelo fogo, mas eventualmente renascerá das cinzas, com novos deuses e sobreviventes humanos para repovoá-lo.

O Submundo e Outros Mundos:

A mitologia nórdica descreve nove mundos conectados pela árvore cósmica Yggdrasil:

  • Asgard: O reino dos Aesir, os deuses principais.
  • Midgard: O mundo dos humanos.
  • Vanaheim: O reino dos Vanir, outra tribo de deuses, associados à fertilidade e à natureza.
  • Jotunheim: O reino dos gigantes.
  • Alfheim: O reino dos elfos da luz.
  • Svartalfheim: O reino dos elfos negros ou anões, conhecidos por suas habilidades na forja.
  • Niflheim: O mundo do gelo e da névoa.
  • Muspelheim: O mundo do fogo.
  • Helheim: O reino dos mortos, governado por Hel, filha de Loki.

Heróis e Lendas:

  • Sigurd: Um dos heróis mais famosos da mitologia nórdica, Sigurd é conhecido por matar o dragão Fafnir e por sua tragédia amorosa com a valquíria Brynhild. Suas histórias são contadas na Edda Poética e nas sagas nórdicas.
  • Beowulf: Embora sua história seja contada em um poema anglo-saxão, Beowulf é frequentemente associado à mitologia nórdica. Ele é um herói que enfrenta monstros como Grendel e um dragão, representando o ideal do guerreiro nórdico.

Ritual e Prática:

A prática religiosa nórdica envolvia sacrifícios (blóts), oferendas e festas sazonais, muitas vezes realizadas em grandes salões ou ao ar livre. As runas eram usadas para adivinhação e magia, e os templos eram dedicados aos principais deuses, especialmente Odin e Thor.

Mitologia Japonesa

A mitologia japonesa é um rico conjunto de histórias que combinam tradições xintoístas, budistas e populares. Ela explica a origem do Japão, seus deuses (kami), e suas crenças sobre a natureza e a vida após a morte. A mitologia é principalmente registrada em textos antigos como o Kojiki (Registros de Assuntos Antigos) e o Nihon Shoki (Crônicas do Japão).

Criação do Mundo:

Segundo a mitologia japonesa, no início, existia o caos. A partir desse caos, surgiram partículas que se organizaram, formando o Takamagahara, a Alta Planície Celestial, onde os primeiros deuses (kami) começaram a surgir. Entre esses deuses, os mais importantes são os Kotoamatsukami, que incluem figuras como Ame-no-Minakanushi. Esses primeiros deuses deram origem aos Kamiyonanayo, um grupo de doze divindades.

A criação da Terra começa com os deuses Izanagi e Izanami, os últimos dos Kamiyonanayo, que receberam a missão de formar a terra. Com a lança celestial Ame-no-Nuboko, eles mexeram no oceano primordial, e quando levantaram a lança, gotas caíram, formando a primeira ilha, Onogoro-shima. Izanagi e Izanami então desceram à terra e criaram as demais ilhas que compõem o arquipélago japonês, além de diversos outros deuses.

Deuses e Divindades Importantes:

  • Izanagi e Izanami: São os deuses criadores, responsáveis pela formação das ilhas do Japão e por darem origem a muitos outros deuses. Izanami morreu ao dar à luz ao deus do fogo Kagutsuchi, o que levou Izanagi a descer ao Yomi, o reino dos mortos, para tentar resgatá-la, mas sem sucesso. Esta jornada resultou na separação entre o mundo dos vivos e dos mortos.
  • Amaterasu: A deusa do sol e uma das divindades mais reverenciadas na mitologia japonesa. Ela é filha de Izanagi e é considerada a ancestral divina da família imperial japonesa. Amaterasu é a deusa que trouxe luz ao mundo e é central no culto xintoísta. Sua importância é simbolizada pelo fato de que o sol, representado por ela, é um elemento central na bandeira do Japão.
  • Tsukuyomi: O deus da lua, irmão de Amaterasu, também nascido dos olhos de Izanagi. Tsukuyomi é uma figura menos proeminente e, segundo algumas lendas, foi separado de sua irmã após um conflito.
  • Susanoo: O deus do mar e das tempestades, também irmão de Amaterasu e Tsukuyomi. Susanoo é conhecido por seu temperamento impulsivo e muitas vezes causou problemas aos outros deuses. Ele foi banido do céu após uma série de incidentes, mas redimiu-se ao matar a serpente de oito cabeças Yamata-no-Orochi e resgatar a princesa Kushinada-hime.
  • Kagutsuchi: O deus do fogo, cujo nascimento causou a morte de Izanami. Após a morte de sua mãe, Kagutsuchi foi morto por Izanagi, e de seu corpo nasceram várias outras divindades relacionadas ao fogo e à montanha.
  • Inari: O deus ou deusa da fertilidade, do arroz, da agricultura e da prosperidade. Inari é uma das divindades mais adoradas no Japão, frequentemente representado com raposas, que são considerados seus mensageiros.

O Submundo (Yomi):

Yomi é o reino dos mortos na mitologia japonesa, governado por Izanami após sua morte. É um lugar sombrio e imutável, onde as almas dos mortos residem. A viagem de Izanagi ao Yomi para resgatar Izanami é uma das histórias mais conhecidas, ilustrando o conceito de morte como uma separação definitiva e irreversível entre o mundo dos vivos e o dos mortos.

Rituais e Práticas:

O xintoísmo, a religião nativa do Japão, está intimamente ligado à mitologia japonesa. Os santuários xintoístas são dedicados aos kami (deuses), que podem ser deuses maiores, como Amaterasu, ou espíritos locais ligados à natureza. Os rituais xintoístas envolvem purificação, oferendas e orações para apaziguar os kami e garantir sua proteção.

Heróis e Lendas:

  • Yamata-no-Orochi e Susanoo: Uma das lendas mais famosas é a de Susanoo e a serpente de oito cabeças Yamata-no-Orochi. Susanoo, após ser banido do céu, encontrou uma família que estava prestes a sacrificar sua filha para a serpente. Ele preparou uma armadilha, embebedando a serpente com saquê, e depois a matou, libertando a princesa e encontrando a espada mágica Kusanagi-no-Tsurugi em uma de suas caudas, uma das três insígnias imperiais do Japão.
  • Urashima Tarō: Uma lenda popular conta a história de Urashima Tarō, um pescador que salva uma tartaruga e é levado ao reino submarino de Ryūgū-jō, onde ele vive em esplendor por alguns dias. Quando ele retorna à superfície, descobre que se passaram muitos anos e que tudo o que conhecia havia desaparecido.

Mitologia Chinesa

A mitologia chinesa é uma coleção vasta e diversificada de histórias que explicam a criação do universo, a origem dos deuses, e as relações entre humanos, deuses e espíritos. Ela é profundamente influenciada pelas filosofias do taoísmo, confucionismo e budismo, embora muitos mitos tenham origem em crenças populares e tradições xamânicas antigas.

Criação do Mundo:

Segundo um dos mitos mais antigos da criação na mitologia chinesa, o universo começou com Pangu, o primeiro ser vivo. Pangu emergiu de um ovo cósmico que continha o caos primordial. Dentro do ovo, Pangu passou 18 mil anos organizando o caos. Quando finalmente quebrou o ovo, as partes leves subiram e formaram o céu, enquanto as partes pesadas afundaram e formaram a terra.

Para garantir que o céu e a terra não se fundissem novamente, Pangu sustentou o céu com a cabeça e empurrou a terra com os pés, crescendo continuamente até que o céu e a terra estivessem completamente separados.

Quando Pangu finalmente morreu, seu corpo transformou-se em diferentes partes do mundo: seus olhos tornaram-se o sol e a lua, seu sangue os rios, seu cabelo as florestas, e seu sopro os ventos.

Outra versão da criação envolve a deusa Nuwa, que moldou os primeiros humanos a partir de barro. Nuwa também é creditada por restaurar a ordem do mundo após uma grande catástrofe, como a quebra dos pilares que sustentavam o céu. Ela reparou o céu usando pedras coloridas e, assim, salvou a humanidade.

Deuses e Divindades Importantes:

  • Pangu: O gigante primordial que criou o céu e a terra a partir do caos. Pangu é uma figura central na mitologia da criação chinesa, sendo responsável por estabelecer a ordem no universo.
  • Nuwa: A deusa da criação e protetora da humanidade. Nuwa é frequentemente retratada como uma figura com o corpo de serpente, simbolizando a ligação entre o humano e o divino. Ela é conhecida por criar os primeiros seres humanos e por restaurar a ordem natural após grandes desastres.
  • Fuxi: Marido de Nuwa, Fuxi é um dos três Soberanos, divindades que ensinaram aos humanos as artes essenciais da civilização. Fuxi é creditado com a invenção da escrita, da pesca, da caça e da sericultura (produção de seda). Ele também é representado com a parte inferior do corpo semelhante a uma serpente.
  • Huangdi (O Imperador Amarelo): Um dos mais importantes heróis culturais e míticos da China, Huangdi é considerado um dos ancestrais da civilização chinesa. Ele é associado à invenção de muitas artes, como a agricultura, a medicina e o uso de carros de guerra. Ele também é creditado como o fundador da medicina tradicional chinesa.
  • Shennong: Conhecido como o “Divino Agricultor,” Shennong é uma figura semidivina que ensinou à humanidade a agricultura e a farmacologia. Ele é reverenciado como o descobridor do chá e como aquele que testou centenas de ervas para descobrir suas propriedades medicinais.
  • Zhong Kui: Uma divindade menor mas popular, Zhong Kui é conhecido como o caçador de demônios e protetor contra espíritos malignos. Ele é frequentemente representado como uma figura imponente, capaz de subjugar os maus espíritos, e é uma figura comum em pinturas de proteção nas portas das casas chinesas.

O Submundo e a Vida Após a Morte:

O conceito de vida após a morte na mitologia chinesa envolve um complexo sistema de reinos espirituais. Após a morte, as almas dos mortos passam pelo Diyu, um labirinto de tribunais e julgamentos onde são julgadas por seus pecados. O Diyu é governado por Yan Wang, o rei do submundo, que decide o destino das almas, que podem ser punidas, purificadas e eventualmente reencarnadas.

Diyu é muitas vezes comparado ao conceito de inferno em outras culturas, mas é mais visto como um lugar de purificação antes da reencarnação, em vez de um local de punição eterna.

Heróis e Lendas:

  • Chang’e: A deusa da lua, Chang’e é uma das figuras mais queridas da mitologia chinesa. Ela era a esposa de Hou Yi, um herói arqueiro que salvou o mundo derrubando nove sóis ardentes. Chang’e tomou um elixir de imortalidade e ascendeu à lua, onde vive eternamente, separada de seu amado.
  • Hou Yi: O herói arqueiro que salvou o mundo ao abater nove dos dez sóis que ameaçavam queimar a terra. Hou Yi é reverenciado como um grande guerreiro e herói cultural, e sua história está intimamente ligada à lenda de Chang’e.
  • Yinglong: O dragão alado que ajudou o Imperador Amarelo a derrotar o gigante Chi You. Yinglong é um símbolo de poder, proteção e a força dos elementos.
  • Nezha: Um jovem herói divino nascido de uma flor de lótus, Nezha é uma figura popular em contos chineses, conhecido por suas façanhas contra demônios e espíritos malignos. Ele é frequentemente retratado como um guerreiro travesso, mas corajoso.

Dragões na Mitologia Chinesa:

Os dragões são talvez os símbolos mais icônicos da mitologia chinesa. Ao contrário das representações ocidentais de dragões como criaturas malévolas, os dragões chineses são vistos como benevolentes e poderosos, simbolizando força, poder, boa sorte e controle sobre as águas e o clima. O Dragão Azul (Qinglong), por exemplo, é um dos Quatro Símbolos, representando o leste e a primavera.

Mitologia Egípcia

A mitologia egípcia é uma das mais antigas e complexas do mundo, rica em histórias sobre deuses, a criação do universo e a vida após a morte. Ela é profundamente entrelaçada com a religião e a cultura do Egito Antigo, influenciando todos os aspectos da vida egípcia. Os deuses eram vistos como forças poderosas que controlavam a natureza e protegiam a sociedade.

Criação do Mundo:

Na mitologia egípcia, várias versões da criação do mundo existem, dependendo da região e do templo. Um dos mitos mais conhecidos vem da cidade de Heliópolis, onde o panteão era liderado pelo deus Atum. No início, existia apenas o Nun, o oceano primordial do caos.

A partir do Nun, Atum emergiu e criou a primeira porção de terra, chamada Benben. Atum, então, deu origem aos primeiros deuses ao exalar Shu (deus do ar) e cuspir Tefnut (deusa da umidade). De Shu e Tefnut nasceram Geb (deus da terra) e Nut (deusa do céu).

Geb e Nut, por sua vez, geraram quatro filhos: Osíris, Ísis, Set e Néftis, que se tornaram figuras centrais na mitologia egípcia. A rivalidade entre Osíris e Set, em particular, é uma das histórias mais importantes e influentes, representando a luta entre ordem e caos.

Deuses e Divindades Importantes:

  • Atum/Rá: Atum é o deus criador que deu origem ao universo. Ele é frequentemente identificado com , o deus sol, que viaja pelo céu durante o dia e pelo submundo à noite, lutando contra a serpente do caos, Apep (Apófis). Rá é uma das divindades mais importantes do panteão egípcio, e seu culto foi central na religião egípcia.
  • Osíris: Deus do submundo e da ressurreição, Osíris é uma figura central na mitologia egípcia. Ele é o governante do reino dos mortos e é associado ao ciclo de morte e renascimento, tanto na vida após a morte quanto na fertilidade da terra. Osíris foi assassinado por seu irmão Set, mas foi ressuscitado por sua esposa, Ísis, e tornou-se o governante do submundo.
  • Ísis: Deusa da magia, maternidade e proteção, Ísis é uma das divindades mais veneradas no Egito Antigo. Ela é conhecida por seu papel em reviver Osíris e por ser a mãe de Hórus, o deus falcão. Ísis é frequentemente representada como uma mulher com um trono em sua cabeça ou com chifres de vaca, segurando seu filho Hórus.
  • Set: Deus do caos, da violência e do deserto, Set é o irmão de Osíris e o antagonista em muitas histórias. Ele assassinou Osíris para usurpar o trono do Egito, mas foi eventualmente derrotado por Hórus, o filho de Osíris e Ísis.
  • Hórus: Filho de Osíris e Ísis, Hórus é o deus do céu, frequentemente representado como um falcão ou um homem com cabeça de falcão. Ele vingou a morte de seu pai ao derrotar Set, e é associado à realeza egípcia. Os faraós eram considerados encarnações de Hórus.
  • Anúbis: Deus da mumificação e protetor dos mortos, Anúbis é representado como um homem com cabeça de chacal. Ele é responsável por guiar as almas no submundo e supervisionar o processo de mumificação. Anúbis também é o guardião do Duat, o submundo egípcio.
  • Thoth: Deus da sabedoria, da escrita e da magia, Thoth é frequentemente representado como um homem com cabeça de íbis ou babuíno. Ele é o escriba dos deuses e o inventor da escrita hieroglífica, além de ser o mediador durante o julgamento das almas no submundo.
  • Hathor: Deusa do amor, da beleza, da música e da alegria, Hathor é frequentemente representada como uma vaca ou uma mulher com chifres de vaca. Ela é uma das divindades mais benevolentes e é associada à maternidade e à proteção.

O Mundo dos Mortos:

O submundo egípcio, conhecido como Duat, é o reino governado por Osíris, onde as almas dos mortos são julgadas. Durante o julgamento, o coração do falecido é pesado na Balança da Verdade contra a pena de Maat (a deusa da verdade e justiça).

Se o coração for mais leve que a pena, a alma é considerada pura e é admitida no Campo de Juncos, uma versão paradisíaca da vida após a morte. Se for mais pesado, a alma é devorada por Ammit, uma criatura metade crocodilo, metade leão, e metade hipopótamo.

O processo de mumificação era uma parte vital da religião egípcia, pois acreditava-se que o corpo precisava ser preservado para a alma sobreviver na vida após a morte. Os túmulos eram decorados com textos e imagens que guiavam a alma através dos perigos do Duat, com amuletos e oferendas para garantir uma passagem segura.

Heróis e Lendas:

  • O Mito de Osíris: Um dos mitos mais importantes da mitologia egípcia, conta a história de como Osíris foi assassinado por seu irmão Set, que espalhou seus pedaços pelo Egito. Ísis, com a ajuda de sua irmã Néftis e de Anúbis, recolheu os pedaços de Osíris, o ressuscitou temporariamente, e concebeu Hórus. Hórus, mais tarde, vingou seu pai ao derrotar Set, estabelecendo a ordem sobre o caos.
  • O Sol e Rá: A jornada diária de Rá pelo céu e pelo submundo é uma metáfora para o ciclo eterno de vida, morte e renascimento. Durante a noite, Rá navega pelo Duat em sua barca, onde enfrenta a serpente Apep, que tenta devorar o sol. O sucesso de Rá em vencer Apep todas as noites garante o retorno do sol ao amanhecer.
  • A Pedra de Benben: A pedra de Benben, sobre a qual Atum apareceu pela primeira vez, é considerada o lugar de onde surgiu a primeira terra. Essa pedra sagrada era frequentemente associada às pirâmides e templos egípcios, simbolizando a criação e o poder divino.

Templos e Culto:

Os egípcios construíram grandes templos dedicados aos deuses, como os templos de Karnak, Luxor e Abu Simbel. Os faraós eram vistos como mediadores entre os deuses e o povo, realizando rituais para manter a harmonia entre o mundo humano e o divino. O culto aos deuses incluía oferendas de alimentos, incenso, e recitações de hinos e orações.

A Infinidade de Mitologias ao Redor do Mundo

Embora as mitologias grega, nórdica, egípcia, japonesa, entre outras, sejam algumas das mais conhecidas e amplamente estudadas, a verdade é que o mundo está repleto de uma diversidade quase infinita de tradições mitológicas. Cada cultura, em cada canto do planeta, desenvolveu suas próprias histórias e crenças para explicar a origem do universo, a natureza da vida e a complexidade da existência.

Da mitologia aborígine australiana, com suas histórias sobre a Época do Sonho, à rica tapeçaria de mitos das culturas indígenas das Américas, passando pelos complexos sistemas de crenças dos povos da África, da Ásia e da Oceania, a variedade de mitologias é simplesmente surpreendente.

Cada uma dessas mitologias oferece uma perspectiva única sobre o mundo e o lugar dos seres humanos nele, refletindo os valores, as esperanças e os desafios enfrentados por essas culturas ao longo do tempo.

É praticamente impossível listar todas as mitologias em um único artigo, dada a vasta quantidade de culturas e tradições que existem ou existiram ao longo da história da humanidade. Cada povo tem suas próprias histórias sagradas, repletas de deuses, heróis e seres sobrenaturais, que formam a base de suas crenças e práticas espirituais.

Essas mitologias, muitas vezes transmitidas oralmente de geração em geração, não só explicam o mundo natural e os fenômenos inexplicáveis, mas também estabelecem as normas sociais e morais que guiam a vida comunitária. Mesmo nas culturas onde as mitologias não são tão amplamente conhecidas, elas desempenham um papel vital na preservação da identidade cultural e na compreensão do universo.

Assim, enquanto podemos explorar algumas das mitologias mais conhecidas, é importante lembrar que elas são apenas uma fração da rica tapeçaria mitológica global. Cada mitologia, por mais pequena que seja, oferece uma janela para as profundezas da psique humana e para a diversidade das formas como as diferentes culturas entendem e interagem com o mundo ao seu redor.

O Papel da Mitologia no Mundo Moderno

O patrimônio mitológico continua a influenciar profundamente diversas áreas do mundo moderno, incluindo a ciência, as tradições culturais, a religião, a literatura, o teatro, as artes plásticas, o cinema, os videogames e muito mais.

Por exemplo, desde os tempos antigos, os cientistas recorreram à mitologia para dar nomes aos corpos celestes: todos os planetas (exceto a Terra) e alguns de seus satélites receberam nomes de antigas divindades gregas e romanas. As missões e veículos espaciais modernos também frequentemente recebem nomes de heróis míticos, como as missões lunares americanas Apollo, o rover chinês Zhurong e o rover lunar Chang’e.

Alguns valores culturais e religiosos mitológicos ainda sobrevivem até os dias de hoje. No Japão, os deuses Kami continuam a ser reverenciados, enquanto na Rússia, celebra-se Maslenitsa, uma festividade cujas raízes remontam aos tempos do paganismo eslavo.

O estudo das mitologias do mundo revela que muitas histórias modernas são, na verdade, recriações ou adaptações de narrativas antigas. O novo material não surge do nada; ele se baseia em fundamentos sólidos que foram comprovados ao longo de milhares de anos. Várias franquias populares são diretamente inspiradas por mitos, como:

  • Imagens da mitologia eslava serviram de base para a série de romances “The Witcher” (16+), o filme “Ele é um Dragão”, e os desenhos animados “Príncipe Vladimir” e “Três Heróis”.
  • Os mitos nórdicos se tornaram uma fonte rica para a trilogia de livros “O Senhor dos Anéis” e o romance “O Silmarillion”, os sucessos de bilheteria da Marvel “Thor”, “Thor 2: O Mundo Sombrio”, e “Thor: Ragnarok”, além de séries de anime e videogames populares.
  • Enredos de mitos gregos e referências a eles são usados em obras como o livro “Atlas Shrugged”, os desenhos animados “Hércules”, “Ícaro”, e “Sinbad: A Lenda dos Sete Mares”, na série de filmes “Percy Jackson” e no videogame Hades.

A ciência que estuda os sistemas de mitos também é conhecida como mitologia. Ao explorar lendas antigas, é possível compreender melhor a cultura dos povos antigos, traçar suas relações com outras civilizações, reconstruir a migração de tribos ao longo do continente e aprender como as tradições se misturaram ao longo do tempo.